De acordo com Cardozo, os advogados da Odebrecht reclamaram da ação de um órgão do Ministério da Justiça sobre uma colaboração internacional, assunto que está sob sigilo, e da lentidão da Polícia Federal na investigação sobre o vazamento de informações da Lava Jato.
“Disse a empresa Odebrecht que ao longo da Operação Lava Jato havia vazamentos ilegais que atingiam a empresa e que isso qualificava uma clara ofensa à lei. Eu efetivamente disse: me façam uma representação que eu apuro”, contou o ministro da Justiça.
Na quarta-feira (18), no despacho em que negou o pedido de liberdade de quatro empreiteiros, o juiz federal Sérgio Moro, responsável pelas investigações da Operação Lava Jato, citou a iniciativa de empreiteiras de procurar o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo.
O juiz afirma que é intolerável que emissários dos dirigentes presos e das empreiteiras pretendam discutir o processo judicial e as decisões judiciais com autoridades políticas. E que considera que, embora malsucedida, houve tentativa indevida dos acusados e das empreiteiras de obter uma interferência política a seu favor no processo judicial.
Moro destaca que não há notícia ou prova de que o ministro da Justiça tenha se disposto a atender às solicitações dos acusados e das empreiteiras e que sequer é crível que se dispusesse a interferir indevidamente. O juiz afirma que, apesar de não estar esclarecido, o episódio ilustra obstrução na apuração dos fatos, e que a Justiça não será permeável a interferências políticas.
A Associação dos Magistrados Brasileiros disse estar preocupada com o que chamou de pressão política sobre a Operação Lava Jato. O presidente da AMB, João Ricardo Costa, pediu audiência com o ministro da Justiça. Em nota, a associação defendeu o direito dos advogados de trabalharem com liberdade, mas condenou a postura deles nesse episódio.
A AMB afirma que no caso específico da audiência com o ministro, a conduta dos advogados induz em uma atuação voltada para pressionar o uso do poder político sobre o Judiciário.
O Ministério da Justiça informou que recebeu o pedido da AMB, mas que ainda não marcou uma data para a audiência com o ministro.
A defesa da construtora Odebrecht reiterou que a reunião com o ministro José Eduardo Cardozo tratou dos vazamentos da investigação e que não houve pedido de interferência política. Disse, também, que já havia pedido providências ao juiz Sérgio Moro, do Paraná. E que enviou, no fim da tarde, um documento ao ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, criticando a postura das autoridades curitibanas em relação à apuração dos vazamentos da Operação Lava Jato.
Jornal Nacional - Ministro diz que tratou de vazamentos de informações com advogados
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