Reinaldo

Será mesmo normal um presidente da República se julgar “enviado de Deus”?

Quando a economista Dilma Rousseff ocupou a Presidência da República e começou a dizer aquelas coisas muito engraçadas, mas sem o menor nexo, e chegou a defender na Assembleia-Geral das Nações Unidas a tese da estocagem de vento, levantamos aqui na “Tribuna da Internet” a hipótese de que ela estaria precisando de cuidados médicos. Logo depois, essa notícia se confirmaria, quando os jornalistas descobriram que a lista de compras do Departamento Médico do Planalto incluíra uma enorme quantidade de olanzapina, um medicamento antipsicótico ou neuroléptico. Soube-se também que, anteriormente, os médicos do Planalto já tinham receitado doses elevadas de Lexotan (bromazepam). Depois, passaram para Rivotril (clonazepam).
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Medicada, Dilma conseguiu levar seu governo adiante até sofrer o impeachment. E agora a cena se repete, pois o estado do presidente Jair Bolsonaro também começa a levantar suspeitas de que há algo de errado com o chefe do governo.

MANIA DE PERSEGUIÇÃO – Desde o início da gestão que o presidente faz questão de demonstrar que se sente perseguido. Já deu diversas declarações a respeito, especialmente quando se refere à situação do filho Zero Um, o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), que se agrava progressivamente.

Ao defendê-lo, desta vez Bolsonaro falou por 15 minutos, citou diversos políticos também acusados de corrupção, cujas investigações caminham com menor celeridade, embora envolvam recursos mais elevados, como é o caso do deputado André Ceciliano (PT-RJ), presidente da Assembleia do Rio de Janeiro.

O chefe do governo atribuiu a investigação do Zero Um à “perseguição” que a família sofre. Mas em nenhum momento disse que o filho é inocente.

QUESTÃO DE ESTILO – Cada político desenvolve um estilo. Presidentes têm cargo majestático, não devem atuar como advogados de seus parentes e amigos, mas Bolsonaro não pensa nem age assim.

Mas o pior foi a divulgação do texto “de autor desconhecido”, para Bolsonaro justificar sua omissão e falta de habilidade na condução da política. Na mesma semana, por exemplo, a pedido de um grupo de deputados, o presidente ligou na frente deles para o ministro da Educação e deu ordem para sustar o contingenciamento das verbas educacionais. Mas logo em seguida o ministro da Economia, Paulo Guedes, cancelou a ordem presidencial. É uma situação que ocorreu diversas vezes, e Guedes já chegou a ironizar as decisões de Bolsonaro que ele depois revoga.

No domingo, o presidente ultrapassou os limites, ao divulgar a entrevista de um pastor francês, que jamais viu Bolsonaro, mas o considera “enviado de Deus”. É claro que nenhum governante pode se sentir “enviado de Deus” por decreto pastoral, mas Bolsonaro acredita e leva isso adiante, num Estado constitucionalmente laico e que parece um hospício.

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P.S. – Ninguém sabe aonde isso vai dar.  Mas o fato concreto é que o presidente não está bem. Se já foi medicado, torna-se necessário alterar a dose ou mesmo a substância ativa. O importante é que esteja bem, pare com essas esquisitices e governe para valer o país. Como diz a deputada Janaina Paschoal, que não aceitou ser vice de Bolsonaro, ele precisa “parar de fazer drama” e começar a trabalhar. Então, que assim seja. (C.N.)
Carlos Newton


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Questão Brasil - 09/04/2019

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