Reinaldo

Ninguém quer dar calote na dívida pública, mas temos o direito de discuti-la

Se o marqueteiro americano James Carville fosse consultado sobre o agravamento da crise no Brasil, certamente repetiria sua frase célebre: “É a economia, estúpido”. Quando a economia vai bem, tudo se acerta, a vida segue em frente. No caso atual do Brasil, a frase de Carville se adapta perfeitamente, porque a falta de recursos atinge os três níveis de governo – federal, municipal e estadual. Curiosamente, não afeta com a mesma intensidade os três Poderes. Em praticamente todo o país, Legislativo e Judiciário vivem como se estivessem num outro mundo, ou na própria “Ilha da Fantasia”, com o anãozinho Tattoo servindo drinques tropicais a parlamentares e magistrados.
Rodrigo Maia
Mas há exceções e nem sempre os servidores de Legislativo e Judiciário conseguem se beneficiar. No Rio de Janeiro, por exemplo, há cinco anos os funcionários da Justiça não têm aumento, embora o céu ainda seja o limite para remunerar os magistrados e garantir os penduricalhos, as gratificações e as mordomias.

LIVRE DISCUSSÃO – O fato concreto é que a crise econômico-financeira precisa ser discutida abertamente, sem subterfúgios nem estatísticas mantidas sob sigilo ou manipuladas. O ministro Paulo Guedes, porém, continua se recusando a divulgar os números da Previdência, como se fosse um czar da Economia, e com isso está colocando em risco essa importantíssima reforma.

Os números da dívida pública também são manipulados e nas contas até aparece uma rubrica denominada “Amortização”, que na verdade “non ecziste”, como diria o Padre Quevedo – é apenas uma obra de ficção. Há última vez em que houve superávit primário (economia que o governo precisa fazer para pagar os juros da dívida) e até poderia ter havido “amortização” foi em 2013, de lá para cá, os déficits foram aumentando junto com a dívida.

Em abril de 2018, o Fundo Monetário Internacional (FMI) piorou  sua estimativa e passou a projetar que o Brasil só deveria novo superávit primário  em 2022. Agora, com o agravamento da crise, só Deus sabe quando haverá superávit novamente.

SEM MORATÓRIA – O fanatismo cega as pessoas e deturpa a troca de ideias. Aqui na “Tribuna da Internet””, toda vez em que defendemos a discussão da dívida, sugerindo uma auditoria, sempre aparece um otário aqui para manipular nossa oposição e alegar que pretendemos dar calote nos credores. É uma chatice.

Ninguém está defendendo calote nem moratória. Ao propor a auditoria, o que desejamos saber é se houve alguma manipulação nos números e se foram aplicados juros compostos, que não vigoram no mercado internacional, e isso significaria que a dívida está sendo elevada artificialmente.

Será que defender uma auditoria agora é crime? Por que o ministro Paulo Guedes mantém em sigilo os números da Previdência? Aliás, por falar em crime, por que Guedes tanto foge de prestar depoimento sobre as aplicações que fez com recursos dos fundos de pensão?

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P.S. – O comportamento de Guedes é altamente suspeito. As aplicações foram feitas em fundos educacionais criados pelo próprio Guedes. Se deram lucro, conforme o ministro alega, então por que não depõe logo e acaba com essa polêmica? A resposta é simples: Guedes deu um tremendo prejuízo aos fundos, já denunciado à Justiça pela Previc (Superintendência de Seguros Privados) e sob investigação no Tribunal de Contas da União; Por isso ele não pode depor. (C.N.)
Carlos Newton


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Questão Brasil - 09/04/2019

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