Reinaldo

Itaú e Bradesco cobram juros de 300% ao ano para rolar contas nos cartões de crédito

As repórteres Tassia Kastner, Folha de São Paulo, e Bárbara Nobrega, O Globo, nas edições de ontem, focalizam objetivamente a escala de juros cobrados pelos Itaú e Bradesco, os dois maiores bancos privados do país, no caso de pessoas físicas rolarem os débitos de um mês para outro. Essa taxa insuportável oscila num período de 12 meses.  Deve se tratar, penso eu, de um recorde mundial, que aqui no Brasil já chegou a quase 500% ao ano.
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A inadimplência permanece na altura de 35% dos consumidores e é impossível que possam suportar os índices de cobrança. Não devem se endividar assim, sobretudo porque a ameaça do desemprego pode piorar tudo.

VALOR DO TRABALHO – Inclusive, podemos admitir que alguém que perdeu o emprego, depois de algumas semanas, possa até retornar ao mercado de trabalho. Mas como a oferta de mão de obra é curta e a demanda cada vez mais longa, aqueles que conseguirem retornar ao sistema de emprego verificarão que em face da lei da oferta e da procura o valor do trabalho humano encontra-se em forte decadência.

Vale frisar que o dilema entre capital e trabalho é denominador comum que não se realiza e causa um cenário de dificuldade crescente. Assim, quando se fala em dividir lucros não se está falando dividir em partes iguais, mas digamos que a divisão seja por dez ficando nove para as empresas e um para os trabalhadores.

O argumento dos executivos dos grandes bancos, tentando deslocar a questão essencial, sustenta que as taxas elevadas decorrem da inadimplência que se projeta na faixa de 35%. Dessa forma os bons pagadores sustentam os erros e impulsos dos maus pagadores. Isso não faz sentido, pois as vítimas não têm nada a ver com o comportamento daqueles que fogem, por um motivo ou por outro das obrigações financeiras que assumiram.

INTERVENÇÕES – O engraçado é que a grande maioria do empresariado condena rigorosamente as intervenções estatais, mas deseja que a intervenção seja para financiar seus projetos. Para mim, eles temem ou desejam? Faz-me parecer que só desejam intervenção quando ela se destina a favorecê-los.

Bárbara Nóbrega informa que o uso dos cartões de crédito está se expandindo aceleradamente. Sua utilização serve até para pagar salários. E Tássia Kastner acrescenta que, a exemplo do que afirma o professor Welington de Souza, não se pode pensar que os cartões são usados para o consumo de supérfluo. Nada disso. Hoje entre 80 a 90% das faturas referem-se a aquisição de produtos do dia a dia.

BC NADA VÊ – O Banco Central – digo eu – jamais dirige o olhar para a altitude dos juros bancários. Alcançam, como vimos, 300% contra uma inflação do IBGE de apena 4%. Assim os juros reais representam mais de 70 vezes a inflação oficial.

Isso aponta para uma impossibilidade que deve ser considerada pelas compras à base de cartões. Ninguém deve se endividar acima de sua capacidade de pagamento.


Pedro do Coutto TRIBUNA DA INTERNET | Itaú e Bradesco cobram juros de 300% ao ano para rolar contas nos cartões de crédito

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Questão Brasil - 09/04/2019

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