Reinaldo

Na visão do El País: Lava Jato acaba com a impunidade histórica dos políticos e milionários do Brasil

Muito interessante a matéria desenvolvida pelo jornalista Gil Alessi do jornal Espanhol El País, onde são destacados os pontos positivos de uma operação da magnitude da lava jato e enquanto alguns partidários vê as decisões do Juiz Sérgio Moro como prejudiciais ao Brasil, a visão do repórter mostra exatamente o contrário e demonstra onde e como a população vai ganhar depois que a poeira da ação anti-corrupção baixar.
Vale a penas destacar o trecho a seguir:

Mesmo que no final do processo os diretores consigam se livrar do regime fechado, a Lava Jato já tem impacto econômico nos seus negócios. Nesta sexta, as ações das empresas nas quais o  banco BTG estavam em queda livre. A reprodução de uma imagem dele seguindo para a prisão ao lado de agentes da polícia estava circulando nas mesas de operação do mercado financeiro, segundo o jornal Correio Braziliense.

O desgaste de imagem e sem saber quando serão soltos, as empresas que comandam têm ficado à deriva. Isso tem gerado prejuízos na parte mais sensível do mundo empresarial: o caixa financeiro. Nesta segunda, a Camargo Corrêa se desfez de sua participação na Alpargatas, dona da marca Havaianas, um ícone brasileiro, aparentemente pela falta de recursos. A construtora OAS teve sua nota de crédito rebaixada após o envolvimento no escândalo de corrupção, e anunciou há algumas semana que fechou um acordo para vender sua parcela da Invepar para tentar fazer caixa. A empresa, que acumula dívida de 11 bilhões de reais, entrou com pedido de recuperação judicial para tentar renegociar com seus credores. A Odebrecht é outra companhia que teve sua nota de crédito rebaixada.

As perdas econômicas atingem também os trabalhadores: reportagem do jornal O Estado de São Paulo aponta que as empresas envolvidas na Lava Jato já demitiriam mais de 12.000 funcionários desde o início das investigações.

Roberto Romano, professor de Ética e Política da Unicamp, a Lava Jato desnuda as relações pouco republicanas entre o Estado e as empresas. “Quando se fala em poder no Brasil, se pensa quase que exclusivamente no poder político”, afirma. Mas segundo ele, a “estrutura do poder político no país nunca dispensa e nunca dispensou a presença de grandes empresários e oligarcas definindo a ordem social e econômica do país”. Para preservar o arranjo feito, “o poder político sempre absorvia as críticas e as eventuais consequências jurídicas”.

Romano lembra um antigo ditado brasileiro - “Aqui sempre se disse que se pune o corrupto e não se pune o corruptor” – para dizer que “pouco a pouco estão tentando modificar este cenário”. Mas faz uma ressalva, tendo em vista os exércitos de advogados e recursos financeiros e jurídicos que os empresários presos tem a seu dispor: “ainda é cedo para tirar conclusões”.
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Questão Brasil - 09/04/2019

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