Reinaldo

Governo sem rumo, oposição sem projeto e Congresso sob suspeita. É o que temos para hoje

Não é
raro ver Aécio Neves dando explicações do porque ele perdeu no ano passado as
eleições para Dilma Rousseff, sempre diz que o Partido dos Trabalhadores (PT) é
"uma organização criminosa" e considera que o país "tem uma
Presidente sitiada" ou “não tem Presidente.

Em
entrevista ao "Correio Braziliense" o Presidente do Partido da Social
Democracia Brasileira (PSDB) voltou ao tema e disse que a disputa foi "uma
luta absolutamente desigual".

"Não
perdi para um partido político. Perdi para uma organização criminosa que se
apoderou do Estado", afirmou na entrevista, na qual falou também da crise
política e económica e das denúncias de corrupção e do conflito entre o Governo
e o Congresso.

"O
Brasil tem uma Presidente sitiada (...), ela vai para onde? Para ser
vaiada?", questionou o político, acrescentando que além das questões econômicas
há as morais e que Dilma Rousseff "mentiu aos brasileiros" para
"vencer as eleições" e que isso "vai ficando mais claro" a
cada dia.

Aécio
também advertiu que o escândalo de corrupção na Petrobras não para e já começa
a afetar a economia do país.

"A
gente vê denúncia disso, denúncia daquilo... amanhã vai prender não sei
quem", disse na entrevista, acrescentando que, no entanto, o que mais
fragiliza o Governo e a Presidente é a economia.

"Tem
uma crise que permeia todas as outras, estou falando do desemprego, da
inflação, dos juros altos. É isso que vai emoldurar tudo aí, que é a crise de
confiança hoje no Brasil. Ninguém está investindo", afirmou.

O
Tucano acrescentou: "sem confiança você não retoma o crescimento, não
administra a base do Congresso. Ninguém respeita mais o Governo".

As
denúncias de corrupção já levaram vários a prisão e até o desfecho final ainda
poderemos assistir à detenção de outras dezenas de empresários e políticos, em
sua maioria ligados ao PT ou ao Governo.
A
entrevista de Aécio Neves não traz nada de novo, nada diferente do que temos
visto nos noticiários desde a vitória de Dilma Rousseff em outubro de 2014, mas
é bom salientar o porquê da derrota dele em um momento que país precisava e
queria mudança de comando no Brasil. O candidato do PSDB nunca explicou o
Aeroporto construído em terras de sua família com dinheiro público e não
apresentou um plano de governo diferente para o Brasil.

No
início da campanha eleitoral, Aécio abraçou as demandas da classe média
brasileira que almejava o fim das inúmeras “bolsas” concedidas pelo Governo aos
mais necessitados, as quais denominavam “bolsa esmola”, e mesmo sem conhecer as
necessidades da população, Aécio Neves logo se posicionou contra esses
programas sociais do Governo do PT, dizendo que eram apenas eleitoreiros.

A
campanha prosseguiu, Aécio então viajou aos estados do Norte e Nordeste, vendo
de perto a real situação de milhões de brasileiros e sentiu o grau da sua
rejeição nas duas regiões. O tucano então decidiu mudar sua posição quanto aos
programas sociais e ao invés de acabar com eles, Aécio passou a prometer que
iria manter os programas e até amplia-los.

Bolsa
isso, bolsa aquilo, Mais Médicos, Prouni, Fies, cotas, entre outros passaram a
fazer parte do discurso de Aécio, que desagradou a penalizada classe média, não
convenceu as classes “C e D” e a certa altura da corrida eleitoral, os
eleitores trocaram Aécio por Marina Silva.

A
troca pura e simples de um candidato por outro pode até ser vista como natural,
mas se prestar atenção nos detalhes veremos que a falta de confiança no que
dizia o tucano naquele momento e o que ele próprio já havia defendido. Marina
surgiu como esperança real de mudança, até se deparar com a encruzilhada do
moderno e o tradicional, a pauta das minorias acabou derrubando a candidata que
assumiu a campanha no lugar do falecido Eduardo Campos.

Por
mais que seja difícil para Aécio aceitar, Dilma venceu a eleição, as mentiras
de campanha logo foram desmentidas pelo próprio Governo Petista e o país
mergulhou numa crise de confiança gigantesca. Com uma investigação criminal,
Operação Lava Jato, em curso, a oposição derrotada do país, sem líderes com
credibilidade iniciaram uma outra campanha para criminalizar o PT e promover o
desgoverno no Brasil. Aécio, Marina e líderes diversos falam das pautas que se
apresentam sucessivamente à cada semana via imprensa, mas nenhum se compromete
com nada, afinal de contas eles vão precisar do voto de todas as correntes se
quiserem subir a rampa do Planalto.

Três pontos precisam ser analisados para
entendermos o sofrimento do brasileiro neste momento:
v Falta de Planejamento

v  Do Governo que
enganou, maquiou dados e escondeu a real situação do Brasil com a finalidade
única e exclusiva de manter o poder e não tinha projeto algum para reverter a
crise eminente, até a convocação de Joaquim Levy, que veio para ser o algoz dos
mais pobres sem comprometer a imagem desgastada do Governo Dilma.

v  Da oposição que
diferentemente do que ocorre na contestada Venezuela, os opositores, tem
projeto para apresentar à população e costumam falar ao público sobre soluções
para tirar o país deles da crise, sem que a população pague pelos erros da
classe política. Diferente do Brasil, onde a oposição funciona apenas como
caixa de ressonância, repetindo apenas o que a população está cansada de ver na
mídia, sem acrescentar possíveis soluções, sem oferecer uma alternativa aos
brasileiros. Caiado, Aécio, Marina e outro líderes menos cotados apresentam
como solução para tudo, apenas a troca de nomes ou a retirada do PT do poder.
Solução ou alternativas sem penalizar os brasileiros, nenhum deles apresenta ou
mesmo tem formulada para de fato ajudar o Brasil a sair desse momento
dificílimo que teima em assombrar o povo. Por aqui não veremos opositores serem
presos ou censurados pelo Governo, justamente por não terem nada à dizer ao
povo, a não ser que está tudo errado e que eles, mesmo sem projeto, são a única
saída. Convenhamos que só isso é muito pouco para convencer alguém ameaçado
pelo desemprego ou às voltas com a crise econômica.
v Falta de credibilidade do Governo e da Oposição

A falta de credibilidade, hoje mais latente do
lado de quem está no poder, já começa a se estender para as instituições e
afeta também a oposição. Aécio Neves tem dificuldade de reconhecer que perdeu
por não ter um plano de governo consistente, sendo mais fácil adjetivar os
adversários do que partir para o confronto no campo das ideias. Com a Câmara e
o Senado tendo seus Presidentes sob suspeita de corrupção, impondo ao Governo
pautas tidas como populares, mas apresentadas numa hora inoportuna, apenas com
o intuito de desgastar ainda mais a imagem de quem está no poder. A oposição
que deveria ser o diferencial neste momento, apenas acompanha a pauta que deixe
o país ingovernável, imaginando que se o Governo sangrar, e o Brasil mergulhar
numa crise maior ainda, eles terão maior facilidade para chegar ao Planalto nas
próximas eleições, mesmo sem ter um projeto plausível para a nação.

v A demora do Judiciário em punir os
culpados pela corrupção, e assim separar o joio do trigo neste jogo político
complicado.

v  O
Brasil acompanha com atenção o desenrolar dos fatos na operação lava jato,
aplaude a maioria das decisões tomadas pelo juiz Federal Sérgio Moro contra
corruptos e corruptores do âmbito da Petrobras, mas critica a demora na
apuração e penalização do chamado núcleo político da operação. No entendimento
de alguns, o fato da classe política seguir sem ser incomodada pela Polícia Federal
por conta do foro privilegiado é um agravante para que tudo termine em pizza e
o Brasil siga como o país da impunidade, principalmente para políticos
inescrupulosos que sempre que tem uma chance metem a mão no erário sem remorso
ou compaixão.

     Bandido é bandido e precisa
ser punido exemplarmente para que não tenhamos a repetição destes episódios no
futuro, a corrupção tira dos brasileiros qualquer perspectiva de futuro,
roubando saúde, educação, segurança e infraestrutura que poderiam atender a
população sem deixar a desejar. O corrupto e o corruptor tiram não só o
dinheiro do povo, mas tiram a vida, tiram os direitos básicos e sem nenhum constrangimento
eles acreditam que tudo o que vemos ai nos noticiários, não levará os
responsáveis diretos à pagar por isso.

     Aécio Neves e Marina Silva opositores
que são, tem que agir como tal, além de não se omitir em relação as críticas ao
governo, precisam apresentar pautas que sejam vistas pela população como
soluções no curto e médio prazo. Críticas não quer dizer que tenham que ficar
repetindo o que a imprensa tem retratado todos os dias, não, precisam
questionar o governo apresentando seus pontos de vista sobre as ações. Aécio
faz tudo errado desde o fim das eleições e é difícil imaginar que ele
represente mais de 50 milhões de eleitores. Marina Silva até outro dia preferia
se omitir sobre a crise. Um erro crasso de quem quer um dia comandar o maior
país da América do Sul.



     A estratégia da oposição no
Congresso é impor pautas que constranjam o Governo, sem apresentar nenhuma
alternativa para solucionar os problemas. Enquanto a oposição não toma para si
o protagonismo diante de um governo sem credibilidade, a população segue
pagando por tudo, sobretudo pelas regalias de políticos que não representam
ninguém, a não ser eles mesmos e seus interesses.
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Questão Brasil - 09/04/2019

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