Reinaldo

Se gritar pega ladrão até eu corro - Por Daniel Martins de Barros

A corrupção é generalizada. 

As figuras de poder, com autoridade outorgada pelo povo para agir em seu nome, chafurdam num oceano de sujeira que faz o “mar de lama” dos tempos do Collor parecer um córrego.

Como é possível que a corrupção não apenas persista, mas aumente tanto, a despeito da disseminada rejeição a ela? Não há quem defenda os maus-feitos, e entretanto eles se multiplicam a cada dia.

Talvez a profecia de Ruy Barbosa esteja finalmente se cumprindo. Em discurso como senador ele vaticinara: “De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto.”

Estaríamos todos aceitando, por fim, a corrupção, desanimados de combatê-la?

As pequenas contravenções do dia-a-dia – assinar a lista de presença em nome do outro, emprestar cartão do plano de saúde, pedir nota no restaurante com valor maior – seriam as bases de uma cultura que sobe do cidadão comum e molda os políticos?

Ou seriam apenas consequência da desesperança na honestidade que as pessoas sentem a ouvir tantas notícias ruins? A corrupção vem de cima para baixo ou de baixo para cima? 
Se gritar pega ladrão até eu corro

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Questão Brasil - 09/04/2019

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