Reinaldo

O problema da Segurança Pública em Goiás não começou Sábado e não pode ser resumido a um matador em série. O problema é mais amplo #ReinaldoCruz






     O
assunto do momento nos tele jornais do país que tem causado pânico
entre as mulheres jovens e mantido os moradores de Goiânia reféns
do medo, é a história do matador em série que vem agindo por ai
sem ser incomodado pelas autoridades. O fato assustador contribuí
muito para aumentar ainda mais a sensação de insegurança com que
os goianos tem convivido nos últimos anos.

     Ao
contrário do que pregam os nossos representantes políticos, a
Segurança Pública não se tornou um mero problema político a ser
explorado que teve o seu início naquela fatídica tarde de Sábado
em que a garota de 14 anos se tornou mais uma vítima. A morte
ocorrida naquele ponto de ônibus poderia ter se tornado apenas mais
um número nas absurdas estatísticas de crimes com que estamos
convivendo nos últimos anos.
       A
Segurança Pública já vinha se deteriorando em Goiás a muito
tempo, nossos problemas nesta área não começaram no Sábado, nem
é por que surgiu a figura de um suposto maníaco, que pode ser ou
não, o único culpado pelas mortes na capital, prende-lo é uma
obrigação da polícia, mas não vai pôr fim as mazelas da pasta e
não vai tirar da população a sensação de insegurança que muito
antes do período eleitoral já tinha percebido a mais completa
ausência do estado nas questões que envolvem a segurança.
     Quem
não se lembra das mortes também em série dos animais indefesos do
Zoológico de Goiânia a pouco tempo atrás, por se tratar de animais
e não de gente como a gente, as autoridades demoraram a entrar no
caso, mais de 30 animais foram mortos naquela ocasião e os fatos
também foram explorados politicamente.
     O
que dizer também das mortes em série dos moradores de rua, muito se
falou, muito pouco se esclareceu, teorias surgiram sobre o fato,
especulações surgiam nas mesmas proporções em que as mortes
aconteciam, os números alarmantes foram propagados na mídia da
mesma forma que as dezenas de teorias que foram especuladas, as ações
tiveram pouca ou quase nenhuma eficiência no curto prazo para
averiguar e solucionar os crimes que ceifaram também dezenas de
vidas.
     Agora
estamos batendo na mesma tecla dos outros casos, com um grau muito
mais alarmante de que possa mesmo existir um matador em série na
capital de Goiás, é um caso de maior repercussão, que ganhou as
manchetes a nível nacional e uma inexplicável minimização do
problema perto de como ele realmente é para nós que vivemos aqui, a
matança indiscriminada de mulheres (Se for apenas um matador) pode
até render hoje matérias interessantes na imprensa, livros no
futuro com teorias infames sobre o caso se ele for desvendado, mas
que tem gerado um certo comodismo por parte dos nossos políticos que
são os responsáveis diretos pela solução do problema e que
deveriam ser responsabilizados pelo descaso com as políticas
públicas para o setor se a solução não for satisfatória para o
cidadão.
     Ao
estabelecer as linhas de investigação, penso que a força tarefa
constituída para elucidar os crimes, não deve ter ficado apenas no
cerco ao maníaco que tem aterrorizado as mulheres da capital, mas
sim estender as investigações que venham esclarecer as muitas
dezenas de mortes que tem assolado a região metropolitana da
capital. Esclarecer a maioria das mortes, os muitos roubos e furtos
que tem tirado o sono de quem vive aqui será dar passos largos para
pôr as mãos no criminoso que vem assombrando Goiânia.
     Ao
desviar o foco para apenas um suposto matador em série de mulheres,
nós da imprensa, os cidadãos que movimentam a web, as polícias e
todas as autoridades competentes minimizam muito o nosso real
problema que é a Segurança Pública como um todo.
      Houve
muito oba-oba sobre os fatos, é verdade, boa parte das especulações
se deve ao fato das mortes terem ganhado repercussão na mídia
nacional e pegado uma carona na campanha política que corre solta
nas redes sociais, troca de acusações por parte de alguns sem noção
que conseguiram reduzir ainda mais a discussão do problema a apenas
uma briga entre partidos da situação e partidos de oposição, como
se o único xis da questão que envolve a insegurança dos goianos
tivesse começado no momento em que a menina de 14 anos foi alvejada
no ponto de ônibus no último Sábado.
     Simplista
demais pensar assim, os nossos problemas com segurança ou no que
tange a falta dela, estão sendo resumidos ao matador que pode nem
ser um só, mas que vem agindo a luz do dia, em locais públicos e
tem desafiado a lei de maneira em que zomba das autoridades e
amedronta toda uma cidade. Não é bem por ai, o terror contra o
cidadão de bem e suas famílias é bem mais amplo do que as mortes
femininas em série, mortes estas que podem sim fazer parte de um
contexto, o que não implica dizer que estas mortes sejam um caso
menos importante, não é nada disso, apenas é bom que as pessoas se
atentem para a magnitude que é o problema, evitando como isso a
limitação da ação da polícia, a concentração dos esforços
para esclarecer um caso que talvez nem seja único ou esteja fora de
um âmbito maior, e sim faça parte de várias ações que tem
transformado Goiás numa terra sem lei.
 
   Campanha de Iris Rezende culpa Marconi por crise na segurança pública e promete propostas ousadas | Jornal Opção

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Questão Brasil - 09/04/2019

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